O DIA EM QUE QUASE FUI — Foi em 5 de janeiro de 2003.

O DIA EM QUE QUASE FUI — Foi em 5 de janeiro de 2003. Fui arrastado por uma onda quando estava na ponta careca dessa pedra no ponto mais perto do rodapé dessa foto abaixo. Eu estava sozinho. Fui jogado para aquele intervalo estreito entre os dois morros.
Por sorte caí na água, mas na queda tentei me agarrar à pedra de qualquer maneira. Cortei-me todo nas cracas afiadas da rocha e quando caí no mar já estava sangrando paca.
Pânico. Pânico é uma merda. Acabou com meu fôlego. A queda me afundou bastante. Eu olhava para cima e via as mil bolhas prateadas do meu mergulho involuntário contra o sol a pino. Lindo visual da água verde acima de mim, numa foto mental que jamais esquecerei. Foi até então o momento em que me senti mais perto do fim nesta vida.
Já sem ar e com o corpo todo cortado, me bateu aquele terrível momento do "não tem jeito, vou morrer agora, e afogado". Foi naquela hora que bateu o anjo protetor, me dando um esporro. Numa mágica fração de segundo, me animei a tentar o que parecia impossível. "Não. Não vou morrer agora". Se tivesse batido a cabeça, já era. Mas por sorte não. Com o tênis rasgado me atrapalhando ainda mais a nadar, consegui a muito custo voltar à tona, respirar bem fundo e escapar das ondas que me jogavam de volta contra as pedras.
Nadei com muita dor contornando o pontal pelo lado esquerdo (na foto). Sangrava de montão e o trecho a nadar não era curto. Meu maior terror era um tubarão sentir o cheiro e me atacar. Por sorte, nenhum se interessou. Demorou uma eternidade para chegar à praia que estava lotada naquele belo domingo.
Quando me viram ensanguentado saindo do mar as pessoas me seguraram pra me acudir. Não sei até hoje o que aconteceu ali na praia, apagou da minha mente. Minha memória só retorna com eu caminhando de volta sozinho e ainda sangrando para a casa do meu amigo Ronaldo Klesck ali perto no Recreio, onde comemoraríamos em bando o aniversário dele com um almoço.
Eu tinha chegado cedo na casa dele e, enquanto a comida não ficava pronta e os amigos mamavam a cerveja, eu tinha botado a sunga e avisado a eles: "Vou ali no Pontal dar um mergulhinho e volto já".
Caraca!
ResponderExcluirque história... e cadê o Klesck?
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