RECICLAGEM MACUMBAL


RECICLAGEM MACUMBAL

Eu e meu irmão Rodrigo tivemos a felicidade de passar nossa garotice em Ipanema. Praia direto. Primeiro na Montenegro, depois na Garcia. Adorávamos comer coisa de macumba — mariola, ovo cozido com casca rosa, bala Juquinha, não escapava nada. Ao anoitecer, fazíamos também fogueiras homéricas com jornais e plásticos catados junto com as velas dos despachos.

Muitas vezes na volta da praia, eu e ele pegávamos sempre que possível aqueles potes de cerâmica e porcelana fajuta das macumbas e trazíamos para casa. No dia em que minha mãe descobriu que eram potes de macumba, ela deu um megaesporro, quebrou tudo e jogou no lixo.

Esperamos um tempo e trouxemos para casa sorrateiramente novos potes macumbentos. Mais uma vez ela descobriu, mas quando ia largar a nova bronca, falei: “Calma, mãezinha. Não são de macumba não. Ganhei no tiro ao alvo”.

Até hoje não entendo como ela acreditou naquela merda. Mas acreditou. E dessa vez os potes ficaram conosco sendo usados pela família por anos e anos a fio. Comemos muito sucrilho com leite, frutas em pedacinhos e muita sopa naqueles potes abençoados.

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